Por Angela Lira
Era uma vez uma Rainha
chamada Lucidalva, casada com o Rei Daniel. Eles não podiam ter filhos, por
mais que tivessem procurado ajuda em todas as partes.
A rainha, antes de casar
sofrera muito com sua mãe, que preferia os outros filhos e a humilhava por ser
mais escura, por ter cabelos crespos, por não ser bonita como eram seus outros
irmãos. Aquilo deixou marcas profundas que só melhoraram quando casou com o
Rei, alguém rude, às vezes rabugento, mas que amava muito a rainha, pois seu
coração era cheio de bondade.
Certo dia bateram a porta do
castelo e trouxeram um lindo menino, parecido com a rainha... ela e o rei
amaram aquela criança de todo seu coração e esse amor foi retribuído, mesmo com
alguns erros cometidos aqui e ali... Contudo a rainha ainda sonhava, sonhava em
ter uma linda menina.
Passados 17 anos, novamente
bateram a porta do palácio e trouxeram uma linda menina, ela não parecia com a
rainha, era mais parecida com o rei. Mas ela a amou, eles a amaram muito. A
rainha procurou ser totalmente diferente de sua mãe, procurou dar tudo que era
possível pra princesa, mas ela tinha uma maldição...
Por ser muito bonita, amada
e querida pelos reis, uma bruxa má lançou sobre ela o feitiço da inveja. Desde
esse dia a vida da princesa começou a mudar..
A mulher que gerou a
princesa bateu a porta do castelo, querendo ela de volta, mas será que era
amor? A mesma mulher tinha uma outra filha muito parecida com a princesa, mas
não dava atenção a ela, na realidade deixava ela fazer o que quisesse e só
pensava na princesa que estava longe, pois pra ela aquela era a filha ideal.
Ela menosprezava a filha que
ficara com ela, não dava atenção, criou uma imagem da princesa que não era real
e menosprezou a filha que ficara com ela...O feitiço da inveja começava a criar
raízes...
A irmã da princesa queria
ser a princesa, ia para o castelo, buscava a atenção da rainha, fazia da vida
da princesa um inferno e de seus pais também, pois eles não conseguiam agir
naquela situação, tinha sido muito diferente com o príncipe...
A princesa cresceu, a rainha
conseguiu ao máximo contornar e proteger a princesa do feitiço da inveja, mas
ele passava de pessoa pra pessoa... até que perto do dia da princesa fazer 15
anos ela foi enfeitiçada por completo e passou a conviver justamente com as
pessoas que a invejavam, deixando seus pais muito infelizes a cada dia...
A princesa esquecera seus
dons: olhos lindos e sinceros, sorriso cativante, o dom da música, a voz doce
como um passarinho, os cabelo encaracolados e compridos, um coração bondoso e
amável... deixou-se transformar naquilo que as pessoas que a invejavam queria
que ela fosse: uma coisa bizarra com a boca cheia de palavrões, músicas que
menosprezavam seu corpo tão formoso, danças que a tornavam como qualquer outra
mulher de rua, olheiras, a beleza indo embora, dando lugar a vulgaridade, a
inteligência dando lugar a estupidez.
Era tudo que os invejosos
queriam, era o fim da princesa!
O rei falava, a rainha
implorava, o príncipe aconselhava, mas ninguém a fazia ver no que estava se
transformando, ela não enxergava! Se tivesse o espelho da verdade a sua frente,
mas ele fora quebrado! Só restando um caquinho.
Esse caquinho de espelho
estava dentro do coração da princesa. Não existia beijo de príncipe, não
existia palavra mágica, porção mágica, nada que a fizesse enxergar! Só ela
mesma podia fazer isso...
Mas como fazer a princesa pelo menos pensar em fazer isso
e começar a quebrar o feitiço?Como fazê-la
ver que por mais deformada e corrompida, ela ainda podia voltar a ser a
bela princesinha de antes?
Certo dia uma moça que morava
muito, muito distante ouviu a história da princesa e resolveu ajudar... A moça
orou a Deus perguntando o que podia fazer e ele respondeu em um sonho:
Escreva !
A moça acordou, voltou
dormir e a sonhar... sonhou que entrava no castelo e via os reis e o príncipe
chorando muito e apontando para um quarto... a moça se aproximava do quarto e
abrindo a porta. Lá na escuridão, cercada de toda de monstros horrorosos, de
pessoas que usavam máscaras de beleza, pra esconder a feiura de suas faces... A
princesa estava ali! Era um dos monstros... a moça orou baixinho e se aproximou
da princesa, ao se aproximar começou a ficar luminosa, a moça brilhava
espantando a escuridão e ao olhar ao seu
lado viu anjos irradiando a luz... ela segurou a mão da princesa que guinchava
tentado se libertar e fugir da luz que a cegava, mas a moça não soltava seu
braço.
A moça segurando seu braço,
colocou a outra mão no coração da princesa e perfurando a pele pegou o pedaço
do espelho da verdade e colocou na mão da princesa. O ferimento sarou
instantaneamente. E contra sua vontade a princesa viu seu reflexo no espelho e
caiu em prantos...
A moça a ajudou a levantar
lembrando como ela era bonita, inteligente, cheia de vida, bondosa... e levou-a
até uma das paredes do quarto. Lá existiam 2 espelhos que mostravam o futuro...
O primeiro mostrava a princesa como ela sempre fora, bela
cheia de vida... aos poucos a princesa ia envelhecendo, mas a beleza não
abandonava sua face, pois seu coração era belo, cheio de alegria e vida...
O outro mostrava a princesa
bela também, mas ela passava de mão em
mão, ficava com muito caras, bebia, passava noites acordada, seu coração
endurecia e com o passar do tempo ia ficando cada dia mais feia e odiosa, pois
seu coração só tinha maldades, orgias, prazeres passageiros e não construíra
nada, gastara tudo que fora de seus pais, era uma imagem desprezível, que tinha
de ser oculta por uma máscara...
A moça entregou a carta e
disse: Escolha seu futuro agora! Lembre que o que você está plantando, você irá
colher no futuro, mas sempre pode voltar atrás. Desde que seja em tempo, pois
chegará um tempo que não dará mais pra voltar atrás, será o tempo da colheita!
A princesa leu a carta e fez sua escolha:
Queria refletir a beleza da verdade e amor! Ao escolher esse caminho não foi
fácil consertar todas a coisas ruins que havia semeado, contudo seus pais e seu
irmão eram muito pacientes e amorosos. E a princesa conseguiu! Não voltou a ser
como era antes, pois a cicatriz em seu coração ainda existia, mas passou a usar
essa cicatriz como uma lembrança de tudo
de ruim pela qual passou.
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